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O texto a seguir é um fragmento de uma entrevista concedida pelo escritor e ativista socioambiental Ailton Krenak à jornalista Carol Macário (UOL-RJ).
Dados estatísticos são importantes para entender que metade das pessoas que votam no Brasil acreditam em fake news. Acreditam que está tudo bem na Amazônia e que quem atrapalha são as ONGs. Eu penso: será que essas pessoas são tão ignorantes que não são capazes de ver o que está acontecendo lá?
Não, elas não são. Porque elas não querem. Elas são negacionistas. A gente não pode ser ingênuo de achar que as pessoas estão querendo uma informação para que então possam mudar de ideia.
Por isso que eu acho que a ideia de combater deveria ser questionada. Em vez de jogar pérolas para os porcos, a gente deveria descobrir as camadas resilientes da sociedade e trabalhar com elas.
Quem sabe é possível identificar, na complexa sociedade moderna, os campos de resiliência social e investir neles. Seria uma comunicação pacífica e empática, para a gente ampliar o campo do conhecimento e não perder tempo com baixaria.
A gente precisa experimentar um outro fluir da vida. Porque a própria ideia de combater é uma ideia engajada na necropolítica. Quando a gente convoca uns aos outros ao combate, nós estamos aderindo à narrativa necropolítica. Porque o combate pressupõe um vencedor e um vencido.
A ideia da expressão embate é menos violenta do que combate, porque você pode experimentar uma situação onde as ideias estão em questão. Conceitos, ideias e narrativas são embates. Quando a gente vai para esse lugar do combate, a gente já está armado até os dentes. A gente não ouve o outro e nem o outro vê. É no escuro, na treva.
Disponível em https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2023/06/05/ (Adaptado).
a) Levando-se em consideração os elementos presentes na formação da palavra “necropolítica” e os argumentos utilizados no texto, explique por que “a ideia de combater é uma ideia engajada na necropolítica”.
b) Em sua fala, Ailton Krenak utiliza a expressão “jogar pérolas para os porcos”. De acordo com o texto, a que se referem as palavras “pérolas” e “porcos”?
a. O termo "necropolítica" é formado pela junção do prefixo "necro-", que significa "morte", com o substantivo "política". Esse conceito refere-se ao uso do poder estatal para decidir quem vive e quem morre. No contexto do texto, a necropolítica está relacionada aos grupos negacionistas que, segundo o autor, impõem sua visão de mundo sem considerar ou permitir novas perspectivas. O combate de ideias, nesse caso, estaria alinhado à lógica da necropolítica, pois pressupõe um embate em que há vencedores e vencidos. Por isso, o autor defende uma abordagem diferente, baseada no diálogo e na identificação de camadas resilientes da sociedade, para superar a polarização e evitar a violência na troca de ideias.
b. Ao usar a expressão "jogar pérolas aos porcos", em resposta à suposição da jornalista de que as pessoas que acreditam em fake news o fazem porque são ignorantes sobre a realidade, Ailton Krenak se refere às informações verdadeiras, no caso de "pérolas", e às pessoas que acreditam em notícias falsas, e que ele caracteriza como negacionistas, no caso de "porcos". Com isso, o autor defende que não basta oferecer informações verdadeiras a pessoas que não estão interessadas nelas; e que a melhor solução para ampliar o "campo de conhecimento" é dialogar com as camadas mais resilientes da sociedade.
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